terça-feira, 29 de abril de 2008

.· Falem bem, falem mal, mas não falem de mim ·.

A vida alheia sempre foi a principal temática de conversas desocupadas. Costumamos participar diariamente desses entrelaços sociais contribuindo com um segredo para que possamos integrar a certo grupo.
Tenho uma certa pessoa, que gosta de me classificar como amigo, que utiliza de certo artifício para se socializar com as outras pessoas. Aproveito para comentar que nosso relacionamento começou justamente devido a uma outra ‘fofoca alheia’, mas enfim.. Essa pessoa utiliza de fatos que descobre fuçando meus orkuts, blogs e flogs, ou até mesmo em conversas que supostamente seriam confidenciais para atrair pessoas em seu convívio. Imagine o grau de atenção que essa pessoa recebeu quando revelou para meio mundo sobre meus namoros. Em certo ponto eu até sinto um pouco de pena. O que seria dessa pessoa se eu não existisse? (fui irônico).
O fato é: como é engraçado tal comportamento. Falar dos outros, bem ou mal, virou uma tradição universal. Sentamos na hora do almoço na copa para falar mal de nossos chefes, nos reunimos na mesinha do café para comentar sobre aquele colega de trabalho folgado, da outra grávida solteira, da outra casada chifrada e assim vai. Somos movidos a novidades inúteis, buscamos saber mais para dividir com outros sobre coisas que não tem de fato interesse a ninguém. ARede TV funciona a fofoca, tamanho foi meu espanto ao passar pela sala as 7h da manhã e ouvir que tão cedo já havia fofocas e só acabam depois da bisca da Luciana tarde da noite...
Sem dúvidas esse foi o ápice da globalização. Não conseguimos viver sem os outros, não porque precisamos deles, mas precisamos saber sobre eles; inutilmente.

Moral: “se eu contar um segredo você promete contar para alguém?”

Próxima pauta: “Amigos de segundo grau”

sexta-feira, 18 de abril de 2008

.· Um brinde ao Capitalismo de Mercado ·.

Escrever é a forma mais tosca de se protestar; É o resultado da indignação passiva de uma questão pela qual dificilmente somos capazes de fazer algo a respeito e para abrandar pelo menos um pouco da ira buscamos exteriorizar pateticamente nossos pensamentos.
Nessas últimas 2 semanas eu presenciei um dos cúmulos da nossa querida sociedade moderna alijada dos pobres poderes capitalistas. Não faz nem duas semanas que um professor colega de trabalho meu faleceu e com sua morte foi salientada várias anomalias comportamentais dos seres humanos em relação ao trabalho e dinheiro.
Primeiro fomos apenas dispensados por 2 horas para poder velar o corpo voltando em seguida para o trabalho. Deixei de descansar para ir ao velório, mas a escola não deixou de funcionar por ser semana de pagamento de mensalidades dos alunos. Não só isso, mas também não tiveram a coragem de gastar com uma coroa de flores (já era de se esperar visto que ganhamos ovinhos de R$0,99 de páscoa). Mas o mais revoltante foi o fato de termos dado aula. Não pelo fato de querer velar, ou por não ter substituto ou pelas mensalidades, mas pelo simples fato que recebemos por hora e se não trabalhássemos receberíamos menos.
Maldito trabalho que fez com que nosso falecido José Asatto ficasse até tarde da madruga montando as aulas que no dia seguinte não poderia dar em vista de seu infortúnio enfarte.
O sr. José que uns chamavam de João por esquecerem seu nome. Ou até mesmo Toast, apelido carinhoso vindo da homofonia de seu nome em inglês.
A ele, Toast! Vai esse brinde. Esse post vai para você, que teve pouco tempo para nos mostrar quem era, mas que em sua ida nos mostrou quem nós realmente éramos: nojentos capitalistas!


Moral: “it’s all about the money!”

Próxima pauta: “Falem bem, falem mal, mas não falem de mim”

quarta-feira, 9 de abril de 2008

.· Leonino, vai encarar? ·.

Deixo claro que nunca fui muito de acreditar em Astrologia e afins, acho legal a associação entre o desejo do ser humano em ser auto-conhecer e a sensação reconfortante que um punhado de estrelas e cartas numa mesa oferecem. Mas uma coisa eu tenho que admitir, eu sou um leonino ESCARRADO. Quem não sabe, pegue um guia e leia, sou eu da primeira palavra até a última; defeitos e qualidades, anseios e emoções. Para reforçar isso tudo, ainda nasci no ano do cachorro no elemento água do horóscopo chinês, que também não deixa a desejar quando vem me definir.
Da teoria à prática, vamos entender melhor o que é um leonino e cachorro (no bom sentido é claro!)

Orgulho: questão de honra. Tudo que tem, fez e conquistou é visto como grandes vitórias. A satisfação é enorme!

Presunção: não importa quanta informação sobre um assunto tenha, sempre temos um output para isso. Logicamente o erro está quase que diretamente proporcional ao orgulho, neste caso... tem uma leve tendência à arrogância.

Egocentrismo: bom, há controversas, mas é o signo mais centrado em si mesmo. Tem uma brincadeira que um grande amigo usa pra definir outro que cabe exatamente no meu caso. Diálogo:
Alguém: Nossa o clima está feio, não?
Leonino: Eu estou feio?
O que leva ao próximo:

Superficialidade: Apesar de não ser tão marcante assim, uma definição que vi no começo do ano para os do signo do cachorro.
“Pessoas desse signo não fazem caridade, beleza é essencial”
Infelizmente isso é valido, não que seja o primordial. Não adianta, podem falar que a pêra portuguesa é boa, eu não como!

Humildade: o que é isso? é de comer?

Para aqueles que já desistiram dos relacionamentos com leoninos aqui segue a salvação:
Amizade: não há nada mais sagrado que uma amizade para um leonino, ele a defende com unhas e dentes, mas uma vez que pisou na bola, se fodeu, você passa a valer menos que bosta.

Generosidade: ela chega a ser até ingênua, é um dos pontos fracos dos leoninos.

Sexualidade: falando em pontos... esse é o centro! Quem já catou um sabe que na verdade foi catado, e muito bem catado, diga-se de passagem. Um beijo não é um simples beijo e sim uma cena Hollywoodiana. Sexo é um ritual com movimentos minuciosamente pensados.

O leonino é apaixonante! Quem nunca experimentou, não sabe o que esta perdendo...

Moral: “Cachorro late e more, leão também”

Próxima pauta: “Um brinde ao capitalismo de mercado”

sábado, 5 de abril de 2008

.· O macho por trás de todo gay ·.

Nem precisa dizer que eu já queria causar com o título né, mas o assunto é sério. Proclastinei o quanto pude para escrever esse texto porque queria que fosse algo forte e ao mesmo tempo construtivo, mas como as idéias não vieram que saia qualquer bosta mesmo.

Enfim, como comentei no poste anterior, tem que ser muito homem pra ser gay. Apesar da anacrônica dessa frase em relação ao comportamento indiscriminatório das sociedades da antiguidade, hoje damos face às contradições pseudo-conservadoras e hipocrisias da própria comunidade homoafetiva.

Hoje, coincidentemente, data o ínicio do meu primeiro namoro há 3 anos. Poucos sabem, mas meu primeiro namorado era um ex-gogoboy (nunca me canso de falar isso!) mas acima de tudo, ele também era um ex-homofóbico. Isso mesmo, o primeiro carinha que fez juras de amor para mim escachava bichinas nas ruas. Quem diria que alguns meses depois ele estaria pulando o muro de uma escolinha infantil para dar pra mim (sim foi assim que perdi minha virgindade).
Polemicas a parte, essa é uma triste realidade de nossa sociedade, muitos gays de armário têm comportamento homofóbico e pior, armam-se de frases machistas e comportamento estereotipado simplesmente porque é isso que a sociedade espera dele.
Isso me faz lembrar de um amigo meu e sua pseudo-namorada, gente, a menina é linda e mal sabe que o namorado dela já deu mais que ela. Triste saber que ele não assume justamente devido ao envolvimento da família com a igreja.
Não me sai da cabeça e me enche de lágrimas nós olhos uma vez que eu me ajoelhei no altar e chorando pedi a deus que fizesse com que eu gostasse de mulheres. Ou das várias vezes que eu me condenava por me masturbar pensando nos coleguinhas da escola.
Nem ele nem eu formos os únicos a passar por isso, nem preciso parar muito para conseguir completar os dedos da mão com o número de amigos e conhecidos em situações parecidas.
Demorou, mas depois de um penoso processo de transformação pude me aceitar e ser feliz do jeito que sou. Perdi vários amigos no processo, mas ganhei inúmeros outros. Cresci pessoalmente e aprendi os verdadeiros valores da vida. Quantos ainda estão na metade do caminho? Quantos ainda nem começaram? Quando nunca irão?
Semana passada conversei com um cara que, depois de vários minutos tentando convencer que eu não estava a procura de sexo casual descobri que ele precisava mesmo é de um amigo. Tirando quem ele trepava por aí (que sempre escolhia casados para sua própria proteção) ninguém mais sabia dele, nem o melhor amigo! Por quê? Simples fato: família importante na cidade (Onde já se viu um gay na família!!!).
Frases como ‘prefiro uma filha puta que lesbica’ ou ‘melhor ter um filho drogado que bicha’ não descem e me fazem comprar brigas (nem vale entrar nesse assunto, próximo poste). Nos meus meses de conselheiro (sim, já fiz isso tb!) ouvi muito disso e até de filhos expulsos da casa com a roupa do corpo.

Do triste ao cômico. Todos sabem que eu ADORO entrar em chat e passar por inúmeras personalidades que variam desde lésbicas até miches vendendo o corpo (rendem altas risadas!). A situ mais surreal que passei foi quando teclava com um cara com a extensão do nick ‘hxh’ (pra quem não entende é quando um cara quer arranjar outro pra trepar). Dentro da minha construção da personalidade, o meu eu lírico era um gayzinho discreto e boa pinta que freqüentava baladas gls e estava a procura de um carinha legal para amizade e algo mais... Anyway, onde está a graça? O hilário foi ter sido dispensado quando alegado que freqüentava lugares gls. Motivo: medo de ser tachado de gay.
Partindo para outra vertente, casamento. Conheço alguns gays casados com mulheres que, aliás meu primo é ate conhecido por catar os caras da vizinhança e depois fazer chantagem de contar para as mulheres (juro que não é de família). Abstrai. Por que falei isso? Ah! Porque tive já alguns casados no meu pé que não assumiam simplesmente pelo fato de ter filhos, respeito com a família, emprego em risco e uma porrada de motivos que quase me deixavam com peso na consciência quando postava “Don’t cha wish your girlfriend was hot like me” no flog. (deixando claro que nunca tive envolvimentos desse tipo).
São inúmeros casos, tristes e infelizmente freqüentes em nossa sociedade. Como citei um ex, vou aproveita pra falar de outro. Dá pra acreditar que um ex-boy meu fazia eu parar o carro duas esquinas da casa dele com medo que alguém nos visse? Fala sério né?
Enfim, quem já passou ou conhece alguém que tenha passado por algo parecido? Homofobia infelizmente é moda, uma moda presente até na comunidade gls. A culpa? Do armário!
Quantos sabem que mais de 30% dos universitário do Brasil são homo ou bissexuais? (pois bem, de uma nova olhada na sua sala...) e que esse número não cai para menos que 20% em relação a sociedade como um todo? Algo melhor ainda, 20% dos argentinos perderam a virgindade com um travesti (quantos não perceberam a diferença?). Tem gays pra dar com pau por aí, basta eles e elas serem homens e mulheres suficientes para dar a cara a tapa e lutar por seus direitos ao invés de entupir o orkut com profiles fakes a procura de relacionamentos superficiais numa tentativa de suprir o vazio emocional.
Uma música me faz pensar nisso tudo. Because of you da Kelly Clarkson. Quem já conhece, eu proponho escutar novamente com outros ouvidos. Tente projetar a letra nesta situação de negligenciado pela sociedade por ser ‘diferente’.

Enfim, o lance é, existe muito preconceito, muitas pessoas sendo desrespeitadas, humilhadas, espancadas e até mortas por encabrestamento cultural e medo social. Respeito ao próximo e acima de tudo a si mesmo.

A moral continua: “Pra ser gay tem que ser muito macho”

Próxima pauta: “Nunca brinque com um leonino”